quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Efeito scooby doo

          Como é que funciona, basicamente, todo episódio do Scooby Doo? Uma turma de garotos, andando por algum lugar, na sua “Máquina do Mistério” encontra-se com um monstro que apronta todas. Imediatamente, apesar do medão que sentem, eles começam a arranjar um meio para prender e desmascarar a assombração.
           Em seguida, depois de umas peripécias e alguns momentos de música, fugindo do “monstro” eles já têm um plano pronto e começam a se preparar para “pegá-lo”.
           A parte mais importante vem agora: O plano inicial NUNCA dá certo. As armadilhas não funcionam, o monstro não passa onde deveria passar, alguma coisa quebra, etc.
           Praticamente todos os episódios têm essa mesma estrutura.
          O interessante a se observar nisso é que a vida de muitas pessoas responde à mesma estrutura de desacerto que, em determinado momento, tende a se organizar em sucesso. Prepara-se uma carreira, pensa-se em alguma coisa, estuda-se bastante e se vai tentando progredir.
          Primeiro é o segundo grau direcionado a uma carreira específica. Um futuro dentista, por exemplo, vai procurar se dedicar, com prioridade, a matérias como química ou biologia. Os pretensos engenheiros vão curtir desarvoradamente as matérias mais específicas dessa área como a física e a matemática.
          Em seguida, o vestibular. Pura diversão! Toda a dedicação para a área que era visada não vai salvar o indigente de ter que se virar nas matérias de que “não gostava”. Pois que os mínimos são uma exigência comum e a concorrência exige que se some o máximo de pontos possível. Sábados, domingos, feriados e momentos com a família, amigos e namoradas ficam inevitavelmente prejudicados.
          Então vêm os maravilhosos anos de faculdade! Para alguns a diversão não acaba. Cigarros legais e ilegais, bebidas e noitadas passam a fazer parte do cotidiano. Outros, mais contidos e possivelmente mais bem sucedidos na carreira profissional, rendem-se menos à bagunça e passam anos de sacrifício e dedicação buscando aproveitar devidamente o tempo que têm e os recursos na tentativa de obter sucesso profissional.
           Apenas uma pequena parcela consegue “servir a dois senhores”, como dito em algum lugar da bíblia: Aprontam de todas na sacanagem generalizada e nas confusões que o ambiente escolar oferece e ainda assim conseguem atingir uma preparação mínima que lhes permita não depender tanto dos pais depois de formados.
           Tanto para uns quanto para outros, no entanto, uma regra é nítida. Quando vier o momento em que se fizer necessário obter renda, vão se virar como puderem. É a hora em que o esforço, qualquer que seja, que foi despendido, trará os seus resultados.
           Mesmo o baderneiro irresponsável, ou aos desinteressados ou mesmo incompetentes, que apesar do diploma – esse não é tão difícil de conseguir – não tem a mínima capacidade profissional, tem seus méritos. Apesar da distância existente entre obter o “canudo” e ser um profissional decente, há alguma dificuldade intelectual para conseguir se formar. Em quaisquer atividades que venham a se dedicar, ainda assim, vão estar alguma coisa à frente daqueles que não despenderam esforço algum, mesmo que seja o da “enrolação” de mestres e colegas que os tenham ajudado a terminar o curso.
           Em outros casos, o que se vê é a mudança de carreira ou de objetivos. Inúmeros são os casos de engenheiros, médicos e advogados que se voltam para a política. Profissionais liberais de cursos menos prestigiados como Ciências Contábeis, Administradores, Fisioterapia e Geografia, por exemplo, que descobrem no serviço público uma forma de serem mais bem remunerados do que se estivessem no mercado de trabalho da iniciativa privada.
           Mesmo profissionais oriundos de cursos de medicina e engenharia podem vir a encontrar um porto seguro na atividade pública onde, mais das vezes, não se lhes é exigido o que tanto se vê na iniciativa privada: que tenham “jogo de cintura” e aceitem fazer esquemas ilícitos. Exemplo é o caso de médicos que inventam problemas para seus pacientes para justificar procedimentos muito caros, junto aos planos de saúde, ou engenheiros que tem que “elaborar” planilhas de custos com preços superfaturados, como tanto se vê na media, por aí.
           Muito variadas são as formas pelas quais um profissional de uma área acaba se realizando profissional ou financeiramente em outra. O certo e indiscutível é que o esforço feito acaba retornando de alguma forma.  Isso é o Efeito Scooby Doo.
           Apesar de não ser possível prever o futuro e ainda existirem algumas possibilidades como as guerras, doenças ou crises que podem prejudicar a todos, só resta o trabalho e a produtividade como caminho para buscar a felicidade. Como disse, parafraseadamente, Nietzsche, “só a educação do caráter pela arte pode dar sentido à vida”.

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