sexta-feira, 15 de junho de 2012

Rapina do Caos: Em busca das soluções ou apenas mais um meio de vida?


Ponha-se a imaginação para funcionar um pouco:
Então tá, agora a solução foi encontrada!!! Não existem mais problemas relacionados à pobreza, ao meio ambiente, à segurança no trânsito, aos movimentos sem-terra, ao patrimônio histórico e tantas outras causas para serem discutidas... Quase não há vícios. O politicamente recolheu-se à insignificância correspondente ao embotamento mental dos que o defendem calorosamente mas sem soluções realmente práticas.
Agora vive-se em um mundo sem grandes mazelas em que não é necessária a intervenção apavonada de órgãos de defesas dos interesses dessa ou daquela classe. Não! Os protagonistas, engravatados ou não, estão impedidos de irem à media com seus discursos inúteis e aleijados de soluções práticas e/ou eficientes.
Nesse admirável mundo novo, não se carece de quase nenhuma produção científica que trate vezes e mais vezes do mesmo assunto sem acrescentar nada e sem apresentar propostas práticas. A ciência adequa-se muito a isso por já envolver em certa conta, um natural reciclamento do que já se foi, com pequenos acréscimos reais a cada geração.
Nessa imaginação toda, vive-se num mundo em que não cabem mais embates de classe pois todas estão bem resolvidas. Não há como se ficarem fazendo grandes reuniões, congressos caríssimos pagos com o dinheiro do consumidor pelo Estado e pagando diárias e mais diárias relacionadas aos deslocamentos de servidores públicos.
O que restaria então a esse mundo enorme de pessoas para as quais a única razão da existência são os problemas? O que sobraria do GreenPeace se não houvesse tanto risco, sempre, ao meio ambiente? Por que então procurar soluções práticas de verdade? O problema se torna mais grave quanto menos forem amadurecidas as instituições e as sociedades que as servem de berço.
O bom é fazerem-se reuniões, congressos e mais congressos em que se propõem metas impraticáveis por pessoas que não estão diretamente envolvidas com as áreas que criticam. Vive-se disso!
Não! O correto é continuar-se a busca de soluções! Vamos fazer uma reunião local, hoje, para votar uma proposta. O resultado desse trabalho será consolidado em pequenas unidades regionais que serão depois de votadas, levadas a uma esfera um pouco maior para que se possa, após vários congressos e reuniões técnicas e grandes gastos, chegar à produção de um documento com as demandas comuns ao grupo em geral. De preferência que tais deslocamentos sejam feitos a locais paradisíacos cuja simples aceitação em participar já seja um cala-boca em algum grupo que quiser se insurgir.
Então o grupo estará pronto para criar uma nova agenda de novos encontros e novos gastos que vão propiciar a efetivação – Opa!!! Agora sim, uma ação? Será? - de um encaminhamento de uma nova rodada de congressos para organizar um seminário nacional em que serão votadas as propostas daquele ano.
No ano seguinte, novamente, o processo se há de iniciar do princípio, perfazendo todas as fases já citadas e, de preferência, incorporando novos procedimentos que redundarão em absolutamente nada de ações efetivas na implementação de práticas reais de melhoria daquilo que, supostamente, seria o foco das tais reuniões e de tudo mais que foi feito.
No meio do caminho: Cargos e mais cargos públicos e semipúblicos são criados, sustentados e supridos com a força da existência do problema que levou à sua criação. Egos e vaidades são elevados e rebaixados com base nos jogos de interesses políticos que rondam cada uma dessas esferas de “rapina do caos”. Textos e mais textos vão sendo reciclados com as mesmas ideias e tratando apenas dos diagnósticos capengas, desprovidos de senso prático que já haviam sido feitos anos e anos atrás.
Tudo bem! A sociedade precisa existir. Precisam ser criados empregos. Está totalmente justificado esse círculo vicioso que é premiar a incompetência de alguém com a manutenção do seu emprego unicamente devido à continuação dos problemas. É como nos jogos de computador com construções de cidades: O povo precisa se ocupar. A economia precisa estar constantemente em movimento.
Talvez, mais tarde, um dia, tais instituições, ou melhor, esse sistema de instituições que se interligam entre o Estado e a sociedade alcancem algum amadurecimento. A cada ação, necessariamente, se ligará uma consequência prática. Talvez já seja assim em alguns países e em alguns esquemas de produção de conhecimento e de busca de soluções. Sobretudo nas empresas onde não se perdoa a inação a não ser que ela redunde em marketing.
Marketing: Esse, é enfim o que justifica tudo: A propaganda pessoal e institucional é mais importante que as soluções verdadeiras e garante os empregos, os postos, as vaidades e os egos...
Um dia cresce-se para a direção certa... Mas quando???

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Alguns tipos encontrados nas academias de ginástica

Tempos e tempos de academia e horas e mais horas em cima da esteira podem garantir uma visão cômico-trágica interessante a respeito dos tipos que por ali vagam. Interessante é ver os pontos fracos e os lugares comuns em que nos encaixamos e tentarmos não ser motivo de piada. As exceções que houver, apenas confirmam as regras. A enumeração abaixo não é exaustiva mas, sim, busca representar uma boa parte da fauna que vai a uma academia de ginástica... 
1 – O bombadão: há tempos não se vê dele nenhuma expressão de inteligência. Conversar ou interagir somente se for para tratar de novos tipos de suplementos ou novas séries  de exercícios. Costuma fingir que está olhando as gatinhas, só para que alguém pense que seus hormônios ainda funcionam. Difícil é explicar como tem dinheiro para gastar com forma física se o intelecto é no máximo o bastante para fazer trabalhos braçais;
2 – Gordinho Ciumento é aquele aluno que leva todo o jeito para três tipos de atividades: tomar cerveja no bar o final de semana inteiro, jogar 10 minutos de pelada com a turma antes de encher a cara e ser socorrido pelo SAMU quando tiver um enfarte. Mas ele tem que ir à Academia para tomar conta da patroa. Mais comum é que a moça esteja em boa forma e ele fique lá, orbitando ao seu redor e vigiando para que nenhum atrevido a aborde. Divide-se em envergonhado, quando pelo menos usa um short e tênis para acompanhar a moça e; Escancarado quando a fica vigiando de longe, fora da área das esteiras ou da musculação;
3 – A oncinha esportista: estando em boa forma, ou não, ela vai usar sempre a calça leg mais apertada com motivos de oncinha. A única variação possível é estampa de cobra. Algumas vezes pode estar acompanha do ciumento, que vamos ver a seguir ou do bombadão e nesse caso, sempre conversam num idioma gutural ainda não sistematizado pelos linguistas;
4 – A patricinha pré-obesidade mórbida: com o peso ligeiramente acima do normal, ela sabe, todos na academia sabem e a torcida do flamengo toda sabe que ela nunca vai malhar direito. Geralmente 95% do tempo gasto na academia é dedicado a um nada misturado com um pouco de conversa inútil com outras patricinhas. Vai rapidinho para casa pois não pode perder a próxima novela e ainda tem que ligar para as amigas para conversar mais um pouquinho sobre absolutamente nada importante. Está entre os tipos que mais ocupam aparelhos sem estarem fazendo nada;
5 – O faxineiro: aquele aluno que limpa todos os lugares que vai se sentar, com aquele paninho e a garrafinha de alguma coisa que a academia deixa à disposição. Limpa inclusive a esteira, onde não vai nem encostar. Caso se trate de um ser do sexo masculino, pode ser um grande indício de que debaixo do short vai uma bela cuequinha rosa. A patricinha mórbida se encaixa aqui, quando não é preguiçosa demais até para limpar onde vai sentar;
6 – Aluno-malhação: Vai à academia para fazer musculação. Mas tem que encher o saco do professor para colocar no canal de novelas. Fica 3 minutos na esteira para aquecer e sai logo em seguida. Sai dali para o primeiro aparelho mas já leva 5 minutos até fazer a primeira série de exercícios;
7 – Casal gay no armário: Dois caras aparentemente machos que malham sempre juntos. Inconscientemente, um está disputando a condição de macho alfa do casal com o outro. Coitado do cristão que se atrever a usar um aparelho ou encostar em qualquer coisa que estiverem usando. Inevitavelmente o mais forte vai se projetar em sua direção e lhe mandar um monte de impropérios;
8 – Escravo moderno: só vai para a esteira com dois celulares, pochete passada no pescoço ou com um “ajudante” do lado que fala ao seu ouvido o tempo todo avisando que o horário para resolver isso ou aquilo já está estourado.  Recebem várias ligações durante o pouco tempo que resistem a ficar na academia. Podem ser, por exemplo, maridos com pouco tempo de casados e de preferência com mulheres sedentárias que ficam loucas por qualquer motivo para deixar a academia. Podem também serem mães solteiras com filhos grandes e ainda não desmamados que ficam implorando pela hora de comprar aquela milionésima pizza de presunto e para irem embora jogar videogame;
9 – Casal animado: Casal com pouco tempo de casado e cuja ficha já caiu que estão engordando muito. Vão à academia juntos e um geralmente é mais disciplinado e quer fazer as coisas bem feitas. O outro por sua vez, não vê a hora de ir comer e cumprir o resto de sua missão de transformar o outro num caso seríssimo de obesidade mórbida. Nesses casos, geralmente, o que tem mais disciplina passa a fazer o papel de escravizado já tratado acima;
10 – Aluno choque cultural: Às vezes já tem anos de academia mas nunca enxergou ninguém suado de verdade.  Alguém desce da esteira realmente suado e ele não acredita no que está vendo. Trata-se de uns bons 30% da academia que não sabem nem guardar a expressão de espanto quando vêem alguém muito suado. Neste caso pode se misturar com vários outros tipos aqui representados.
Mais importante que a variedade em certos casos é analisar o que há em comum em todos: a vontade sair do zero e chegar em algum lugar. O que os diferencia e isso cabe a todos os seres humanos em maior ou menor grau é a maturidade com que encaram seus objetivos apesar das limitações morais e físicas...