quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Era para roubar e só você não sabia?

    Nazismo e bolchevismo, ou seja, o bom e velho comunismo. Parecem ser absolutamente o contrário um do outro. Acontece que a ideia geral é a mesma: Criar um sistema de leis, ideologia e, entre outras coisas uma verdadeira religião para poder roubar, para agredir o direito de propriedade e surrupiar o patrimônio do povo, principalmente os que tiverem mais um pouco. Interessante é que se pode ler muito sobre uma e outra filosofia dessas e nem desconfiar da verdadeira motivação.
    Uma pequena ressalva sobre o capitalismo nesse contexto, antes de avançar no assunto. Os capitalistas manipulam o povo oferecendo aquilo que as pessoas também prezam: dinheiro. Nesse sentido, apesar de haver a mesma manipulação, geralmente ela é feita de uma maneira um pouco mais pacífica. Em que pese toda as sacanagens dos grandes países capitalistas, não se lhes pode atribuir os crimes de assassinatos em massa, por exemplo, como os que são tão conhecidos no caso dois regimes aqui citados. Pelo menos na mesma escala em que se verificou nos dois casos aqui tratados.
    Voltando ao comunismo e o nazismo, em princípio, não se desconfia de como são políticas parecidas. O Papa Pio XI, por exemplo, já idoso e doente, não distinguia  uma coisa da outra. O ataque às religiões, a criação de um cidadão ideal (no caso do comunismo o comissário do partido que tudo podia *), o cerceamento totalitário das liberdades individuais, o confisco do patrimônio de quem o tivesse e sobretudo e o mais grave, os assassinatos em massa mostram como essas duas correntes de pensamento são parecidas.
    Quanto ao comunismo não se precisa de maiores informações para saber como agia no início. Desapropriar qualquer um que tivesse alguma condição melhor e ir alojando ali uma quantidade muito maior de pessoas do que a residência possuía era um dos modos de agir. O filme Doutor Jivago, por exemplo, mostra carinhosamente o modo como isso tudo ocorria. Restando alguma dúvida sobre como as condições de vida foram indefinidamente prejudicadas pela ação devastadora do “partidão”, pode-se ver o filme “Desde que Otar Partiu” onde se mostra uma Geórgia – o País – totalmente empobrecido por anos e anos de abusos das autoridades e falta de zelo com a população.
    Basta digitar no Youtube a expressão "love russia" e ver como é a vida no país que fez a maior bomba atômica já construída. Difícil acreditar que sejam os mesmos responsáveis por tantos vôos espaciais.
     Ainda na linha de se descrever a busca de privilégios para uma minoria, não se pode esquecer de "A República dos Bichos" de George Orwell, em que os porcos, elite da revolução, são os únicos que tem o direito a usufruir do leite e das maçãs produzidas na fazenda. Metáfora clara dos privilégios de alguns em detrimento de outros nesse tipo de politica.   
    Mas o Nazismo, com toda sua afetação e trejeitos coreografados, é que foi a princezinha assassina e mais enfeitada dos regimes políticos autoritários que, por meio de assassinatos em massa e outras artimanhas só tinha por objetivo encher os cofres de uma meia dúzia de privilegiados. O livro “Vinho e Guerra” mostra a faceta mais leve desse arroubo em tomar o patrimônio dos outros e se dar bem financeiramente.
    Neste  livro, o vinho é a mercadoria espoliada, tomada principalmente dos produtores franceses para ser comercializada na própria Alemanha e onde houvesse gente disposta a pagar. Matar os produtores talvez não fosse o mais interessante, senão a fonte secava. Então o tratamento dispensado era mais “ameno”: apenas se coagia os donos de vinícolas a transferirem toda a sua produção a um determinado coletor, militar, que arrebanhava os lucros e os dividia com os superiores.
    Mas o grosso do lucro do nazismo vinha mesmo com as mortes e as expulsões. No  livro o “vaticano e o Terceiro Reich” fica claro que nem só os judeus foram roubados. Qualquer um que pudesse ter seu patrimônio tomado com a desculpa de não ser ariano ou nazista era prejudicado. Católicos Alemães e arianos foram presos e com certeza tiveram que pagar caro para não serem mortos, os que não o foram. Sobre os dentes de ouro, jóias e outros bens dos judeus e outros povos mortos nos campos de concentração nem é preciso especular onde foram parar. A ambição desmedida envolvia até, fato muito divulgado,  o corte dos cabelos dos aprisionados para ser aproveitado. 
    Sobre o sofrimento do povo alemão é necessário um parêntese. Para evitar os gastos com doentes mentais e outros tipos de atrofia cujos custos recaíam sobre o Estado, pelo menos 80.000 cidadãos alemães com algum tipo de problema intelectual e/ou genético, inclusive crianças,  foram mortos antes que a Segunda Guerra começasse.
    O filme  “A Lista de Schindler” mostra a voracidade econômica dos líderes políticos e empresários durante a guerra. O uso de trabalho escravo como foi mostrado no filme foi muito mais amplo do que se imagina e envolveu empresas muito famosas e que existem até hoje.
    Normalmente os filmes se limitam a mostrar os aspectos bélicos. Comparada com a falta de ética, a imoralidade e a falta de humanidade do furor dos avarentos líderes desses partidos, uma boa batalha é até um momento de franqueza e sinceridade, por incrível que pareça.
     É necessário registrar esses fatos pois muita gente se engana pensando que essas ideologias tenham aspectos apenas filantrópicos, no caso do comunismo; ou raciais, no caso do nazismo. Somente a ralé intelectual desses movimentos é que se perdia e perde na prática de uma religião e seguia e segue os ritos obedientemente e sem questionar qual a motivação principal de seus líderes. Provas há por aí, o tempo todo, de que o objetivo principal de quem levanta certas bandeiras está preocupado, da mesma  forma que os capitalistas, é em encher os bolsos de uma elite com prejuízos para a maioria.

* O comissário do partido comunista era o responsável, por exemplo, por atirar, metralhar mesmo, os soldados que se retiravam de combate para a retaguarda, fugindo da batalha. Sobre isso, ainda deve ser lembrado o belíssimo costume que os russos tinham de entrar em combate sem armas, esperando o colega da frente morrer para pegar o fuzil, por que não havia equipamento disponível para todos. Fica patente o carinho com que o ideário do partido tratava a massa humana.