A esperança é uma coisa muito boa.
Vários são os benefícios que usufrui o ser humano que ainda acredita em alguma coisa no porvir.
Graças à esperança um monte de suicídios são evitados todos os dias.
Graças a ela várias pessoas se esforçam todos os dias por coisas que nem mesmo sabem o que são.
Graça a ela os desastres, a imoralidade e toda a sacanagem que permeia a existência são sublimados em prol de coisas melhores no porvir.
Ainda bem que é assim pois, do contrário, o caos se instalaria.
E vários são as obras de arte, filmes por exemplo, que mostram o que o desespero pode provocar.
"Procura-se um amigo para o fim do mundo", "Eu Sou a Lenda", "Day After" são apenas algumas dessas obras que demonstram, pelo menos em parte deles, o que o desespero poderia provocar na imensa maioria das pessoas.
Mas há limite para tudo. Muitas, muitas coisas nunca vão mudar.
Como disse o Capitão Nascimento no Tropa de Elite, "NUNCA SERÃO"...
Empresários serão carrascos eternamente;
Funcionários públicos cometerão crimes, incharão as tarefas e serão incompetentes indefinidamente;
Não há expectativa próxima para que a imensa maioria dos eleitores deixem de ser analfabetos funcionais.
Os corruptos conseguirão transmitir a seus filhos a segurança para que continuem praticando as mesmas sacanagens. E ainda atrairão mais e mais adeptos independente dos esforços de órgãos especializados e da própria sociedade no sentido de coibir seus crimes.
A grande maioria das pessoas estará sempre interessada em sentimentos mesquinhos e valores materiais.
A televisão aberta e outras medias de massa serão eternamente manipuladoras e transmitirão obras de baixa qualidade, com raríssimas exceções.
Muitos, mas muitos relacionamentos, supostamente amorosos serão baseados em interesses materiais.
E muitas e muitas pessoas, milhares ou talvez milhões nascerão e passarão suas vidas inteiras sobrevivendo de programas assistencialistas. Jamais terão capacidade de, mesmo quando isso lhes for oferecido, conseguirem melhorar de vida. Não serão, capazes, de ter maiores aspirações de independência e noção de metas a alcançar na vida.
Para cada uma dessas constatações as explicações poderiam se converter em verdadeiros livros. Tantas são os argumentos para provar cada uma delas.
Um argumento básico vem da própria condição física e da genética do ser humano: 10.000 anos é muito pouco tempo para mudar uma espécie de animais caçadores em seres de alma pura. O incremento da quantidade de proteína disponível conseguido com a caça a grandes presas nesses primórdios da humanidade não garantiu que fossem totalmente sublimados os ímpetos assassinos.
Outro argumento forte para a dificuldade das mudanças é o entrelaçamento entre as instituições. A corrupção por exemplo é um ciclo que se compõe de várias determinantes. Vários agentes estão envolvidos, inclusive os empresários com todos os seus problemas de caráter e alguns funcionários públicos mal intencionados. Esse câncer - caranguejo - que espalha suas patas em várias direções se ramifica tanto que, morto um tentáculo, outro se fortalece ou mingua mas não morre e o círculo volta a girar de novo.
Essa imutabilidade das coisas não, porém, ser causa de mais desespero para as pessoas.
O desafio é viver no lixão institucional e ainda ser pessoa. Procurar ser gente e fazer algo de bom.
Pois, bom é o que fica, o que permanece. O mal passa e vem outro no lugar.
Mas o bem, como nas ligações químicas, o bem é o que fica.
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