segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Santa Maria - O buraco é mais embaixo

Santa Maria, janeiro de 2012... 
Pensando bem, foi até um sentimento bonito, a comoção nacional.
Afinal de contas, 232 jovens de uma vez.. A maioria entre 16 e 20 anos de idade...
Perda irreparável para todos. Que dirá para os Pais? Mas, e o país?
O Brasil perde pela insegurança generalizada e duvida do bem estar de todos.
A falta de informação, o descaso e a pouca estrutura dos órgãos responsáveis ficou patente.
Mas há uma outra amarga lição que está sendo pouco salientada.
A perda em si, é terrível, mas há que se ver o somatório de tudo que vai ocorrendo por aí e o atraso que permeia a vida em geral, principalmente entre as massas.
Santa Maria merece respeito, mas o buraco é muito mais embaixo!!!
Até em respeito a essas crianças mortas, é necessário ver quantas mais estão sendo tratadas com o mesmo desprezo. E incluir na conta o resto das pessoas que caminham sobre o mesmo sol. São pais, mestres, amigos e mais uma enormidade de pessoas que habitam o mesmo clima de abandono.
Quando é que o cumprimento da lei será devidamente fiscalizado? Quando é que as leis buscarão efeitos entrelaçados  para que além das exigências também seja criadas as condições para sua efetiva fiscalização? Quando é que os Bombeiros e a Polícia terão verbas próprias específicas e que lhes permitam estar devidamente equipados nessas situações.
"Equipados" para a Polícia e os Bombeiros não quer dizer somente coisas materiais, não. Faltam leis mais coercitivas, amparo legal para a ação, disponibilidade de pessoal do judiciário para apoio e, principalmente, falta vontade política de realizar o que é mesmo necessário. 
Será que ninguém vê que o legislador faz a lei de maneira pontual e esquece alguns pontos? Joga-se para agradar "à galera", mas sem compromisso com os resultados. Leis impopulares mas necessárias são esquecidas. Dá-se valor ao mais glamoroso e esquece-se do básico. Cria-se uma lei seca, mas não se cobra qualidade nos exames de habilitação, por exemplo.
Não adianta exigir saídas de emergência tantas, extintores, materiais de segurança treinamento...
Se não houver condições para que os bombeiros realmente possam cobrar e serem respeitados,
Se o ministério público não tiver apoio ferrenho de juízes que imponham a ordem, mesmo que por meio da polícia...
Se não houver uma contínua vigília aos ímpetos de lucrar sempre mais de tantos empresários por aí... 
Mas que, principalmente, mais gente seja treinada, ensinada, condicionada a questionar esses alçapões criados pelos empresários por aí. Junto com as armadilhas físicas talvez esse esclarecimento necessário também fosse a arma para evitar as arapucas escondidas na eleição de gente ruim de serviço ou na submissão a patrões transgressores. O mal, nesse caso, se manifesta tanto pela costumeira vontade de roubar quanto pela incompetência e a falta de visão de conjunto ou de logística. Aliás, para muito político por aí, palavras complicadas são um bicho de sete cabeças e até espantam eleitores. Em que pese que muitas pessoas aspiram à simplicidade, a vida é complexa, mesmo e quem se furtar dessa responsabilidade é cego ou mal intencionado. E no caso da politica, geralmente os dois.
Em relação às atividades coletivas, infelizmente, se o cidadão toma a atitude de falar que não se mistura, várias pessoas haverão de acusá-lo de elitista. Mas a tragédia acompanha a massa.
E a massa não questiona nada. Os trios elétricos raspando a fiação elétrica. As casas de show sem ar, superaquecidas e sem nenhuma segurança. Eventos sem banheiros, água ou segurança. Os ônibus sem a devida proteção para seus passageiros...
Quando é que será proibido andar de ônibus em pé? Quando é que as motos deixarão de existir por não oferecerem segurança nenhuma? Quando é que qualquer calçada de uma cidade será abrigada da chuva e do risco da invasão violenta por carros desgovernados? O absurdo contido na simples apresentação dessas perguntas já mostra a que passos lentos o aprendizado caminha e que a evolução é uma falácia.
A verdade é que pouco se passou da idade da pedra para muitas coisas. Quando confrontado com seus instintos o homem mata e morre como um neandertal. Se propenso à simplicidade, sujeita-se a manipulação e à tragédia. Achando-se mais esperto, veste um terno, ganha eleições, constrói prédios enormes, mas se esquece justo do óbvio: Que é feito de carne osso, assim como os seus eleitores e seus empregados que serão fritos nas armadilhas que eles permitem serem criadas... 

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