Ponha-se a imaginação
para funcionar um pouco:
Então tá, agora a
solução foi encontrada!!! Não existem mais problemas relacionados
à pobreza, ao meio ambiente, à segurança no trânsito, aos
movimentos sem-terra, ao patrimônio histórico e tantas outras
causas para serem discutidas... Quase não há vícios. O
politicamente recolheu-se à insignificância correspondente ao
embotamento mental dos que o defendem calorosamente mas sem soluções
realmente práticas.
Agora vive-se em um
mundo sem grandes mazelas em que não é necessária a intervenção
apavonada de órgãos de defesas dos interesses dessa ou daquela
classe. Não! Os protagonistas, engravatados ou não, estão
impedidos de irem à media com seus discursos inúteis e aleijados de
soluções práticas e/ou eficientes.
Nesse admirável mundo
novo, não se carece de quase nenhuma produção científica que
trate vezes e mais vezes do mesmo assunto sem acrescentar nada e sem
apresentar propostas práticas. A ciência adequa-se muito a isso por
já envolver em certa conta, um natural reciclamento do que já se
foi, com pequenos acréscimos reais a cada geração.
Nessa imaginação
toda, vive-se num mundo em que não cabem mais embates de classe pois
todas estão bem resolvidas. Não há como se ficarem fazendo grandes
reuniões, congressos caríssimos pagos com o dinheiro do consumidor
pelo Estado e pagando diárias e mais diárias relacionadas aos
deslocamentos de servidores públicos.
O que restaria então a
esse mundo enorme de pessoas para as quais a única razão da
existência são os problemas? O que sobraria do GreenPeace se não
houvesse tanto risco, sempre, ao meio ambiente? Por que então
procurar soluções práticas de verdade? O problema se torna mais
grave quanto menos forem amadurecidas as instituições e as
sociedades que as servem de berço.
O bom é fazerem-se
reuniões, congressos e mais congressos em que se propõem metas
impraticáveis por pessoas que não estão diretamente envolvidas com
as áreas que criticam. Vive-se disso!
Não! O correto é
continuar-se a busca de soluções! Vamos fazer uma reunião local,
hoje, para votar uma proposta. O resultado desse trabalho será
consolidado em pequenas unidades regionais que serão depois de
votadas, levadas a uma esfera um pouco maior para que se possa, após
vários congressos e reuniões técnicas e grandes gastos, chegar à
produção de um documento com as demandas comuns ao grupo em geral.
De preferência que tais deslocamentos sejam feitos a locais
paradisíacos cuja simples aceitação em participar já seja um
cala-boca em algum grupo que quiser se insurgir.
Então o grupo estará
pronto para criar uma nova agenda de novos encontros e novos gastos
que vão propiciar a efetivação – Opa!!! Agora sim, uma ação?
Será? - de um encaminhamento de uma nova rodada de congressos para
organizar um seminário nacional em que serão votadas as propostas
daquele ano.
No ano seguinte,
novamente, o processo se há de iniciar do princípio, perfazendo
todas as fases já citadas e, de preferência, incorporando novos
procedimentos que redundarão em absolutamente nada de ações
efetivas na implementação de práticas reais de melhoria daquilo
que, supostamente, seria o foco das tais reuniões e de tudo mais que
foi feito.
No meio do caminho:
Cargos e mais cargos públicos e semipúblicos são criados,
sustentados e supridos com a força da existência do problema que
levou à sua criação. Egos e vaidades são elevados e rebaixados
com base nos jogos de interesses políticos que rondam cada uma
dessas esferas de “rapina do caos”. Textos e mais textos vão
sendo reciclados com as mesmas ideias e tratando apenas dos
diagnósticos capengas, desprovidos de senso prático que já haviam
sido feitos anos e anos atrás.
Tudo bem! A sociedade
precisa existir. Precisam ser criados empregos. Está totalmente
justificado esse círculo vicioso que é premiar a incompetência de
alguém com a manutenção do seu emprego unicamente devido à
continuação dos problemas. É como nos jogos de computador com
construções de cidades: O povo precisa se ocupar. A economia
precisa estar constantemente em movimento.
Talvez, mais tarde, um
dia, tais instituições, ou melhor, esse sistema de instituições
que se interligam entre o Estado e a sociedade alcancem algum
amadurecimento. A cada ação, necessariamente, se ligará uma
consequência prática. Talvez já seja assim em alguns países e em
alguns esquemas de produção de conhecimento e de busca de soluções.
Sobretudo nas empresas onde não se perdoa a inação a não ser que
ela redunde em marketing.
Marketing: Esse, é
enfim o que justifica tudo: A propaganda pessoal e institucional é
mais importante que as soluções verdadeiras e garante os empregos,
os postos, as vaidades e os egos...
Um dia cresce-se para a
direção certa... Mas quando???
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